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Crise obriga empresas a reduzir projeções

Fonte: Folha de S.Paulo
São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008 Alta do dólar e restrição de crédito mudam as perspectivas de crescimento; construtoras são as mais afetadas até agora Para analista, revisões irão aumentar porque a falta de crédito chegou ao capital de giro, afetando o dia-a-dia das operações das empresas CRISTIANE BARBIERI A alta do dólar e a retração do crédito têm feito diversas empresas rever as estimativas de resultados, chamadas no mercado financeiro de "guidance". Ontem, foi a vez de a Cosan mudar suas expectativas de receita, geração de caixa, endividamento e resultado em razão da oscilação cambial. Dias antes, as construtoras Rossi, Even e Agra e a fabricante de produtos para saúde Cremer também tinham refeito as projeções. "As revisões de "guidance" já eram esperadas porque a tese de que Brasil é isolado não é consistente", afirma Peter Ping Ho, analista da corretora Planner. Isso porque, segundo Ping Ho, deverá haver uma série de anúncios de revisões de "guidance" nas próximas semanas. "A falta de crédito não tem atingido apenas os investimentos futuros, que podem ser postergados. Agora, está faltando dinheiro para o dia-a-dia das operações", diz Ping Ho. "Sem recursos, as empresas não conseguirão manter o ritmo de suas atividades e terão de reduzir a produção e as previsões." A revisão da Cosan, no entanto, foi feita pelo aumento da cotação do dólar. Com 55% de sua receita proveniente das exportações, a empresa espera que o faturamento e a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros e depreciação) aumente até 30%. Mas a mesma alta da moeda prejudica a empresa, que se endividou em dólares para adquirir a Esso. "Se não fosse por essa dívida, seria o melhor dos mundos para a Cosan", diz Ping Ho. "No entanto, com a tendência de redução de consumo em razão da crise mundial e com a dívida crescendo, o cenário é negativo para a empresa." Isso significará, segundo a Cosan, aumento superior a 30% no prejuízo líquido no ano fiscal de 2009 em relação à perda de R$ 48 milhões no último ano. A Cosan reduziu sua projeção de capacidade de investimento operacional para manter a liquidez, preparando-se para a crise. Preservar o caixa Foi exatamente esse o motivo que levou a Rossi Residencial a baixar suas estimativas de venda. Até então, a construtora esperava ter valor geral de vendas de R$ 2,5 bilhões em 2008 e de R$ 3 bilhões em 2009. Agora, a Rossi pretende vender R$ 2,15 bilhões neste ano e R$ 2,25 bilhões em 2009. "Tomamos a iniciativa de reduzir as projeções para melhorar nossa estrutura de capital e aumentar a reserva de caixa, levando em consideração o cenário do mercado global", afirmou Cássio Audi, diretor de relações com investidores da Rossi, durante conferência a analistas realizada ontem. No dia anterior, a construtora Agra já tinha comunicado a redução de suas projeções de lançamentos em 2008 de R$ 2,1 bilhões para R$ 1,4 bilhão. Para 2009, a perspectiva é manter o mesmo valor -R$ 1,4 bilhão- em lançamentos. A revisão foi causada pelo cancelamento da aquisição da Cyrela. A construtora Even também tinha, há duas semanas, revisado seus lançamentos para R$ 1,8 bilhão em 2008, contra os R$ 2,2 bilhões antes previstos. A Cremer passou sua expectativa de lucro operacional de R$ 51 milhões a R$ 52 milhões para R$ 47 milhões a R$ 48 milhões. A empresa não conseguiu atingir o desempenho esperado em algumas áreas.